Trancara a porta. Ainda não acreditara que sairía daquele lugar. A ideia de viajar e procurar uma nova vida me confortara inteiramente. Sempre havia feito tudo de modo a preservar meu futuro e garantir minha felicidade nos anos seguites. Largar tudo. Ser impulsivo era algo muito novo para mim. E eu me sentia bem.
Afinal, o que mais me prendia àquele lugar? Minha vida havia se tornado rotineira e a rotina me fazia mal. Via meus amigos crescendo e mudando e eu crescia e continuava todo igual.
Trancara a porta e tomara o primeiro ônibus: Rio de Janeiro.
Durante as primeiras semanas visitei cada ruela, cada avenida; cada praia e cada parque da capital. Vagava horas e horas apenas apreciando os prédios, as árvores, queria conhecer todos os cantos da cidade, queria, na verdade, conhecer todos os cantos do estado, do país. Viajar sempre fora minha paixão, encontrar lugares novos, gente nova, estradas diferentes, rostos diferentes; cada nova paisagem se alojava em mim e me trazia fascínio. Talvez por isso esta súbita vontade de sumir, de viajar para qualquer outro lugar.
Às vezes preciso mudar totalmente minha rotina, mudar meus dias e meus convívios, para no final acabar no mesmo lugar e com as mesmas pessoas. Não importa. Só sei que os anos que passei longe me trouxeram experiências e memórias incríveis. Ainda assim a partir do dia em que voltei para casa me sentia como um concriz de volta aos céus, após um longo tempo em cativeiro.
Como fazer uma mesa de cavaletes
Há 9 anos