terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Capítulo 5

O capítulo a parte vem para que entendam afinal quem sou. Na verdade isso será mostrado efetivamente durante os capítulos que se seguirão. Não acredito na possibilidade de que alguém resuma todas as suas marcas, seus hábitos, seus gostos, seus vícios... em um só capítulo. Enfim, às meramente apresentações formais:
Chamam-me de Tom. Gosto da possível assimilação com o grande mestre. Nem sei se é esta a causa de meu nome. Se for, agradeço à minha mãe, que Deus a tenha. Ela sofreu a consequência desta maldita loucura que vem assolando o país. Meu pai, nem o conheci. Hoje, quem se importa? Minha falecida amada pôde ser para mim um pai, uma mãe e uma grande amiga, reunidos em uma só face.
Quando mais novo sofri muito a falta de meu pai. Sempre há uma fase crítica em que questionamos tudo aquilo de ruim que a vida nos deu. Sempre há uma fase em que só olhamos para cada um dos nossos defeitos, do que poderia ser melhor em nós e em nossas vidas e sofremos por isso e achamos que Deus nos odeia e que as coisas nunca irão melhorar. No final... Passa. Tudo passa. Não importa o quão mal estejamos, ou o quão difícil seja enxergar uma outra vida no futuro, uma vida feliz e sem problemas... Ela vem. Digo por ter passado por momentos em que foi dificílimo aguentar e, aguentando, ter passado por momentos que ficarão gravados em minha mente, não importa quanto tempo passe, muitos deles sobre os quais ainda escreverei.
Enfim, aquilo que eu pretendia manter um curtíssimo parágrafo que lhes disesse apenas meu nome acabou em um exagerado desabafo. Perdoem-me os leitores, às vezes inverto os papéis e o livro acaba sendo verdadeiramente escrito pela pena em minhas mãos, tornando-se o autor mero objeto intermediário.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Capitulo 4

Ao desembarcar não fui logo a casa. Não levava mala. Como não havia me acomodado em lugar algum, não seria cômodo carregar muita bagagem. Aprendi a viver com pouco. O mínimo que me sustentava era também suficiente para me contentar.
Não fui logo a casa pois o ar que eu respirava, ao encher meus pulmões parecia que também me purificava. Descobri como o ar de cada cidade é particular. E descobri como o ar de Teresópolis me fazia bem. Não que fosse totalmente livre de impurezas ou de poluições. Apenas... me fazia bem.
A propósito, um último comentário antes do início efetivo de minha história:
Pensando bem, este merece um capítulo à parte. Que venha então.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Capítulo 3

Trancara a porta. Ainda não acreditara que sairía daquele lugar. A ideia de viajar e procurar uma nova vida me confortara inteiramente. Sempre havia feito tudo de modo a preservar meu futuro e garantir minha felicidade nos anos seguites. Largar tudo. Ser impulsivo era algo muito novo para mim. E eu me sentia bem.
Afinal, o que mais me prendia àquele lugar? Minha vida havia se tornado rotineira e a rotina me fazia mal. Via meus amigos crescendo e mudando e eu crescia e continuava todo igual.
Trancara a porta e tomara o primeiro ônibus: Rio de Janeiro.
Durante as primeiras semanas visitei cada ruela, cada avenida; cada praia e cada parque da capital. Vagava horas e horas apenas apreciando os prédios, as árvores, queria conhecer todos os cantos da cidade, queria, na verdade, conhecer todos os cantos do estado, do país. Viajar sempre fora minha paixão, encontrar lugares novos, gente nova, estradas diferentes, rostos diferentes; cada nova paisagem se alojava em mim e me trazia fascínio. Talvez por isso esta súbita vontade de sumir, de viajar para qualquer outro lugar.
Às vezes preciso mudar totalmente minha rotina, mudar meus dias e meus convívios, para no final acabar no mesmo lugar e com as mesmas pessoas. Não importa. Só sei que os anos que passei longe me trouxeram experiências e memórias incríveis. Ainda assim a partir do dia em que voltei para casa me sentia como um concriz de volta aos céus, após um longo tempo em cativeiro.